14 julho 2020

Eu e as minhas plantas

(As minhas aromáticas)

Não sou particularmente dotada para tratar de plantas. Adoro-as, é certo, mas…. Cá em casa apenas os cactos têm um tempo de vida razoável, mas mesmo esses de vez em quando têm que ser substituídos. Tenho apenas um (falo dele, aqui!), que anda há anos atrás de mim. Tem sempre um aspecto um pouco raquítico, mas, duas vezes por ano, decide florir e aí é toda uma outra história. Também não tenho jardim, nem varandas, apenas os parapeitos da janela. Agora decidi tentar uma aventura nova, as aromáticas. Comecei pela hortelã e pelo manjericão. Será que se irão dar bem comigo? Já as tenho há cerca de 2 semanas e tenho usado as folhas no tempero (é esse objectivo, verdade?). Por enquanto continuam com um ar muito compostinho, vamos ver até quando…




 (O meu cacto hoje e há 3 anos, não tenho nenhuma foto recente dele, florido)

13 julho 2020

Anatomia de um Vírus (4)



No princípio estranhámos, reclamámos e sentíamo-nos uns autênticos Et’s. Agora já quase não damos por elas e … por mim falo. Esta é a nova realidade. A nossa corda da roupa, passou a incluir um assessório que, de uma forma tão simples, pode proteger-nos e salvar vidas. A máscara de protecção veio para ficar e sem data de permanência. Elas estão por aí, cirúrgicas ou sociais, estas em diferentes feitios e padrões, permitem combinar os tons com a roupa que vestimos no dia a dia. Do mal, o menos! As da foto são as minhas que uso em situações onde o contacto com pessoas é mínimo. Em locais de maior afluência, opto pelas cirúrgicas. Até quando, não sabemos, elas vieram mesmo para ficar…

12 julho 2020

Da amizade, dos livros e das cartas entre amigos


“… e… Aí está ele! O livro dos dois amigos, dos dois grandes nomes da língua portuguesa, que se queriam bem, que te tudo conversavam e que marcaram o séc. XX com os seus talentos…”

Excerto da introdução ao livro, escrita por Paloma Amado, filha do escritor.


“Esta mensagem vai na letra gorda para que não se perca nos azares da transmissão nem um só sinal da nossa amizade, deste carinho tão bonito que veio enriquecer de um sentimento fraterno uma relação nascida tarde, mas que, em lealdade e generosidade, pede meças à melhor que por aí se encontre. José Saramago”

(Jorge Amado veio a assinar também mais tarde, esta declaração, chamemos-lhe assim, de amizade)

“Desta Ilha de Lanzarote, com o mar por meio, mas com braços tão longos que alcançam a Bahía, nós e os mais que cá estão, parentes e amigos, admiradores todos, vos enviamos muito saudar e votos valentes contra as coisas negativas da vida. José e Pilar”

“Pena que vossa viagem para São Paulo tenha sido suspensa. Já estávamos enfeitando de alegria a casa do Rio Vermelho para vos receber. Jorge e Zélia”

(excertos do livro em apreço)

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A amizade verdadeira é algo de muito bonito e intemporal. Este livro de troca de correspondência entre José Saramago e Jorge Amado, é um exemplo vivo disso mesmo. Estou a lê-lo com um prazer imenso! A beleza das palavras de ambos os escritores, está presente em cada linha, cada palavra, cada carta...

Obrigada à minha amiga Margarida (Ana de seu verdadeiro nome), que mo ofereceu sem motivo ou, pelo contrário, com um motivo muito forte, a celebração da amizade.

(Ps- o nome Margarida, é uma private joke entre nós)

11 julho 2020

Cenários de Verão (3)



Um céu azul e um chapéu a tapar o sol. Não se vê, mas ao fundo estava o mar da praia da Crismina, no Guincho. A minha cor preferida, azul, tudo azul, o céu, o chapéu e o mar. O chapéu de sol é vintage e pertencia à minha mãe que era muito cuidadosa com as suas coisas, por isso está em tão bom estado. Gosto, quando estou deitada à sua sombra, olho para cima e vejo aquele padrão de flores, numa espécie de patchwork desenhado na tela, onde me perco em memórias e doces lembranças...

09 julho 2020

Leituras - "Lillias Fraser" de Hélia Correia

“… Avistaram as torres do Convento e desde então não mais se interrogaram sobre o caminho que iam prosseguir. Não que a imensa construção fosse dotada de atracção de um santuário ou da pedra pagã. A própria cor, de um amarelo queimado, estabelecia que tipo de poder mandava ali. Era o poder do rei, que iluminava e forçava a cegueira, como um sol. Tudo aquilo se vergava à mão humana, e a solenidade de uma prece, a imponência da paisagem soçobravam num cenário de trono e diamantes. Demonstrava-se à França e à Espanha que os monarcas de Portugal tinham tamanho de gigantes…”

in "Lillias Fraser" de Hélia Correia


























O romance conta-nos a história de Lillias Fraser, criança sobrevivente ao massacre dos clãs Escoceses levado a cabo pelos Ingleses, após a célebre batalha de Culloden em 1746.  Lillias, que tem olhos dourados e um dom de vidente que lhe permite ver a morte antecipada de algumas pessoas, segue um percurso que a traz da Escócia até Lisboa, à época do terramoto de 1755. Após o tremer da terra e na fuga ao terror e à morte, encontra pelo caminho Cilícia, figura onde encontra algumas reminiscências maternais e ambas acabam por ir ter a Mafra onde se escondem no convento por algum tempo, juntamente com uns trabalhadores do mesmo. O romance segue com as aventuras e desventuras de ambas, sendo a escrita de uma riqueza e beleza extraordinárias. No final, há uma ligação a uma das minhas personagens preferidas de José Saramago, Blimunda Sete-Luas, que aparece para encarnar finalmente uma verdadeira figura maternal para Lillias. Afinal, ambas têm o dom de ver “dentro das pessoas”. É a ficção, dentro da própria ficção.

08 julho 2020

Alentejo, um pequeno périplo para matar saudades...

Mértola - Azenhas do Guadiana

Por poucos dias, rumei com a família ao meu Alentejo, para matar saudades. Partindo da pequena aldeia da Peroguarda, onde assentámos a dormida, procurámos destinos próximos e muito familiares. Primeiro destino, a encantadora vila de Mértola, espraiada na margem direita do Guadiana, numa belíssima área de parque natural do vale deste rio. Pelo caminho, avisos na estrada sobre a possibilidade de atravessamento de linces ibéricos.  Não vimos nenhum, com muita pena nossa, mas compensámos com as cegonhas, numa média de 3 por ninho. Ninhos estes que se sucediam ao longo da estrada. Em cima e em destaque o paraíso: as Azenhas do Guadiana, que lugar tão bonito!


Vale de Açor de Cima - a caminho de Mértola uma igreja e o ninho da cegonha 
Mértola, tranquilamente banhada pelo Guadiana
Mértola - o Guadiana que desliza com toda a calma, ao longo da vila 
Mértola - ponte sobre a ribeira de Oeiras que vai desaguar no Guadiana
Mértola - Ribeira de Oeiras (lá para o fundo, vestígios do moinho da bruxa)
No segundo dia e por uma razão muito especial, começámos pela Barragem do Pisão em Beringel, um lugar muito bonito, luminoso e tranquilo, onde apetece estar. Depois, uma breve passagem pela aldeia que conhecemos bem, e onde nunca falhamos uma visita à Igreja da Nª Srª da Conceição. Seguimos em direcção a Serpa, deixando Beja para trás. Ao longo do caminho desfilam campos de girassóis, oliveirais e vinhas. À entrada da ponte de Serpa, paramos para admirar o rio Guadiana que, daquele local, é visto numa grande extensão, oferecendo aos nossos olhos uma paisagem tão selvagem quanto bela. Chegamos na hora de almoço, pelo que a prioridade foi dar conforto ao estômago, o que fizemos no restaurante Molhó o Bico. Espaço agradável, com decoração e comida genuinamente alentejanas. Boa aposta. Depois passeámos pelas ruas semi adormecidas da Vila e pelos principais pontos de interesse: castelo, aqueduto, nora, igrejas. Serpa é, como todas as vilas e aldeias alentejanas, calma, branca e cheia de luz. Tivemos ainda tempo para visitar uma exploração de caprinos, onde nos divertimos com os cabritinhos de poucos dias que só queriam saltar para o nosso colo.

Beringel - Barragem do Pisão (um recanto, especialmente guardado no coração)
Beringel - Barragem do Pisão e em baixo, Igreja de Nª Srª da Conceição
Nenhuma descrição de foto disponível.

Rio Guadiana - visto da Ponte de Serpa
Serpa - a muralha que atravessa a rua ou o contrário?
Serpa - o verde invasor, mas belo
Serpa - Igreja de Santa Maria, a precisar de algum restauro
Serpa - uma das entradas na muralha
Serpa- Jardim do semi-abandonado Palácio dos Condes de Ficalho
Serpa - Palácio dos Condes de Ficalho, uma fachada a perder o suporte
Serpa, entrada para o Castelo
Serpa - do cimo do Castelo, o aqueduto ao fundo
Serpa - do cimo do Castelo, a traseira da Igreja de Stª Maria
Serpa - Batente de porta, algures numa rua - a beleza de um azul patinado
Serpa - a nora que espreita por cima do casario

Nos caminhos de Serpa - monte desabitado que serve de apoio à criação de cabras



De regresso a casa houve ainda tempo para um picnic na Barragem de Odivelas. Mais uma vez tivemos direito a um sítio muito calmo, sem ninguém, onde apenas se ouvia o murmúrio das árvores, o canto dos pássaros e das cigarras e o zumbido das abelhas. Perfeito!

Barragem de Odivelas

(Fotos minhas de telemóvel, com pouca qualidade que o bicho está a dar as últimas)