Esta tarde numa breve passagem pela feira de "velharias" de Belém. Três escritores de que gosto muito, três livros que ainda não li. Dois euros e cinquenta cada um e lá vim feliz e contente com eles de baixo do braço. Atravessei o jardim, encontrei um banco à sombra e por ali me fiquei um bom pedaço de tempo a folheá-los, a ler os genéricos antecipando o prazer da leitura real. À minha volta uma legião de turistas, numa miríade de línguas diferentes. Uns lagarteavam ao sol, encantados com o astro rei que hoje não se fez rogado e nos envolveu com os seus braços calorosos e outros, olhando em volta embasbacados para esse maravilhoso colosso que é o Mosteiro dos Jerónimos. Não me surpreende. Eu, que o vejo constantemente, também sempre que por ali passeio, ando de cabeça no ar a mirar cada detalhe e a apreciar os movimentos na pedra. Hoje voltei a entrar na igreja (na procura de alguma frescura) e, perante os túmulos do poeta e do navegador, vieram à memória as palavras escritas pelo primeiro, para serem ditas pelo segundo:
“…
Eis aqui, quase cume da cabeça
da Europa toda, o Reino Lusitano,
onde a terra se acaba e o Mar começa
e onde Febo repousa no Oceano.
……
Esta
é a ditosa pátria minha amada,
À
qual se o Céu me dá, que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se
esta luz ali comigo… “
(algures lá pelo Canto III)
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