É quase noite quando o Escritor se vai. Pela janela aberta entra um calor húmido, sufocante. Sebastião sente um aperto no estômago. Cá está ela, a angústia, nervoso miudinho, presságio. De quê é o que ele não sabe. Talvez o cair da noite, a distância, o desconhecido, o ruído dos últimos helicópteros que regressam do Norte. Lá vem mais um, traz o sinal vermelho, quem sabe se feridos, quem sabe se mortos.
Sebastião fecha a janela. Mas o cheiro já está no quarto, nas mãos, na pele, dentro dele. Não é suor, é aquele cheiro que vem do Norte, cheiro de mato e medo, cheira da guerra. In “Jornada de Africa” de Manuel Alegre.
É assim que eu gosto dele, a escrever. Livro do mês lá na Comunidade
2 comentários:
Mais um para a wishlist!
É também assim que eu o aprecio.
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