Michelangelo, Capela Sistina, detalhe
Sou uma pessoa que convive bem com a idade. Sem qualquer problema em admitir a passagem dos anos e já cá vão cinquenta e três, a minha cabeça é arejada e o meu espírito livre e descomplexo. Entre os meus amigos (amigos de verdade, não conhecidos), contam-se pessoas da minha idade e alguns uma e duas décadas abaixo e outros uma ou duas décadas acima. O que me interessa é o que as pessoas valem e não o que o Bilhete de Identidade (ou cartão de cidadão) regista. Gosto de U2, de Bruce Springsteen e de Nina Simone, mas também gosto de Coldplay, Arcade Fire e Pearl Jam entre outros. Adoro Matisse mas perco-me com Warhol. Entendo que nós somos o que queremos e não o que supostamente a idade nos dita, que devemos ser. No entanto, há uma coisa que me assusta. O envelhecimento poder trazer doenças irreversíveis, entre elas as demências. Perder o sentido das coisas. Ganhar paranóias. Perder a orientação, deixar de saber quem somos. Aí só nos resta confiar que teremos alguém a dar-nos a mão. Alguém que nos ame incondicionalmente e que por nós seja capaz de, muitas vezes, deixar a sua vida de lado. Num mundo perfeito seria assim que aconteceria. Infelizmente, constato no dia-a-dia, que não vivemos num mundo perfeito…