19 janeiro 2016

Em curso

Alegoria de Manuel Ribeiro de Pavia

"... Nem a alvura de uma aldeia, nem os seios de um monte.
Só planície e céu - céu e planície.
Nem o oiro da seara, nem o azul do céu lhes festejava a alma.
Só desalento e amargor - amargor e desalento.
Foram arriando os arranjos do carro e deitaram-se por ali à espera de ordens. Os criados passavam e olhavam-nos de banda.
- Gaibéus!..."

in "Gaibéus" de Alves Redol

Não está a ser uma leitura fácil. Descrições duras, personagens amargas na luta por uma sobrevivência quase animalesca. Uma escrita que utiliza de modo recorrente, expressões próprias daquela classe de infelizes e que nos pode obrigar a um trabalho de pesquisa para melhor compreensão. No entanto, apesar imagem de degradação humana que nos transmite, há uma sensibilidade paralela que nos comove e nos impele a uma leitura compulsiva. Avancemos então ...

1 comentário:

Manuel Nunes disse...

Certamente duro e amargo, mas rigoroso. Romance precedido de pesquisa etnográfica, Redol sabia do que falava. Sugestão de visita ao Museu do Neo-Realismo para quem ainda não conhece. Bela ilustração do Ribeiro de Pavia.