28 fevereiro 2015

Cactos


Gosto de cactos. Sempre gostei. E não é porque, basicamente, são as únicas plantas que consigo manter com vida cá por casa. Uma das razões prende-se com facto de serem plantas do deserto e eu ter um enorme fascínio pelo dito. A outra é mesmo por causa das belíssimas flores que, ciclicamente, iluminam estas plantas de forma algo esplendorosa. São normalmente frágeis e de curta duração, mas sempre de uma minúcia única e de beleza estonteante. Gosto muito!




17 fevereiro 2015

A hora do chá



Era todo um ritual. Primeiro a escolha do aroma, logo seguida do bule adequado. Depois vinham as chávenas ou as canecas. Sim, porque se há chás que se bebem em chávenas de delicada porcelana, outros há que só serão devidamente saboreados se  servidos numa caneca que possa contar uma história e que se segura com as duas mãos. A hora do chá era o seu momento preferido do dia. Punha uma toalha bonita na mesa e preparava dois, três ou quatro lugares, dependendo do espírito do momento.Se estava para poucas conversas era só para si e mais um convidado se, pelo contrário, a fase era de euforia, então seriam quatro à mesa. Tudo era feito com movimentos suaves e ritmados, antecipando o prazer do momento. Servia o chá acompanhado de pequenos biscoitos e de muita conversa. Lembrava histórias da sua vida passada, das viagens que fizera, das aventuras que vivera. Sempre num monólogo eloquente, vibrante e entusiasmado, acompanhado de muitos gestos. A ausência de resposta não parecia incomodá-la. No final levantava a mesa, não dando conta do chá por beber nas chávenas dos convidados ou dos biscoitos intocados nos seus pratos. Não dando conta da solidão, nem dando conta da vida que já não era. No dia seguinte, a hora do chá voltaria a ser o seu momento preferido do dia...

16 fevereiro 2015

Sonhei....


Sonhei que era menina e vivia numa casa encantada que tinha uma janela cor de alfazema e em forma de coração. Junto à casa havia uma árvore que era morada de muitos pardais que ali retornavam ao entardecer para passar as noites amenas de Primavera. Da janela cor de alfazema e em forma de coração ficava a vê-los chegar. Voos estonteantes, sinfonia de chilreios, alegria infinita e partilhada. Mas logo, logo  chegou a chuva, calaram-se os pardais, esfumou-se a casa da janela cor de alfazema e em forma de coração. Acordei do sonho e percebi que ainda era Inverno ...

01 fevereiro 2015

Tudo tem um tempo próprio*

René Magritte, 1959
"...
um tempo para nascer e um tempo para morrer;
um tempo para plantar e um tempo para colher o que se semeou;
um tempo para matar, um tempo para curar as feridas;
um tempo para destruir e outro para reconstruir;
um tempo para chorar e um tempo para rir;
um tempo para se lamentar e outro para dançar de alegria;
um tempo para espalhar pedras, um tempo para as juntar;
um tempo para abraçar, um tempo para afastar quem se chega a nós;
um tempo para andar à procura e outro para perder;
um tempo para armazenar e um para distribuir;
um tempo para rasgar e outro para coser;
um tempo para estar calado e outro tempo para falar;
um tempo para amar, um tempo para odiar;
um tempo para a guerra, e um tempo para a paz.
..."
*Eclesiastes

A simplicidade, a cadência e o sentido das palavras encantaram-me. Tenho que agradecer a quem me levou até elas ...