20 outubro 2013

Em curso


Leio sofregamente, num atropelo de palavras. Fico sem fôlego.

São tristes. Tristes as palavras, tristes os factos, tristes as vidas dos personagens que vou encontrando. São poucos, perdidos na imensidão dos dias, na paisagem quente do meu Alentejo. As mulheres sem nome, apenas chamadas de mulher, filha ou irmã de alguém ou então identificadas pela profissão. Os homens com nomes bíblicos, José, Gabriel, Moisés, Salomão... Todos eles se entrelaçam na dureza da vida, na desgraça que espreita, na maldade traiçoeira, na solidão que os cerca. Os gestos são vagarosos mas os sentimentos intensos. É um romance triste, mas belo. Maravilhosamente escrito este "Nenhum Olhar" de José Luís Peixoto.

16 outubro 2013

Palavras do nosso tempo

Foto minha - detalhe de carruagem, no Museu dos Coches - Setembro 2013

"... Penso: talvez o sofrimento seja lançado às multidões em punhados e talvez o grosso caia em cima de uns e pouco ou nada em cima de outros... "

in "Nenhum Olhar" de José Luís Peixoto

É o que cada vez mais me ocorre, nestes dias que vivemos ...

12 outubro 2013

Saudadinhas das minhas teclas! Ou o futuro ainda está muito à frente ...


Comprei um smartphone e agora estou aqui perdida no meio de tantas possibilidades tecnológicas.
Help! Quero as minhas teclas de ligar e desligar de volta !!!!!



06 outubro 2013

Hoje, em Belém, "velharias" e não só...


Esta tarde numa breve passagem pela feira de "velharias" de Belém. Três escritores de que gosto muito, três livros que ainda não li. Dois euros e cinquenta cada um e lá vim feliz e contente com eles de baixo do braço. Atravessei o jardim, encontrei um banco à sombra e por ali me fiquei um bom pedaço de tempo a folheá-los, a ler os genéricos antecipando o prazer da leitura real. À minha volta uma legião de turistas, numa miríade de línguas diferentes. Uns lagarteavam ao sol, encantados com o astro rei que hoje não se fez rogado e nos envolveu com os seus braços calorosos e outros,  olhando em volta embasbacados para esse maravilhoso colosso que é o Mosteiro dos Jerónimos. Não me surpreende. Eu, que o vejo constantemente, também sempre que por ali passeio, ando de cabeça no ar a mirar cada detalhe e a apreciar os movimentos na pedra. Hoje voltei a entrar na igreja (na procura de alguma frescura) e, perante os túmulos do poeta e do navegador, vieram à memória as palavras escritas pelo primeiro, para serem ditas pelo segundo:
“…
Eis aqui, quase cume da cabeça
da Europa toda, o Reino Lusitano,
onde a terra se acaba e o Mar começa
e onde Febo repousa no Oceano.
 ……
Esta é a ditosa pátria minha amada,
À qual se o Céu me dá, que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo… “

(algures lá pelo Canto III)