01 agosto 2010

Pequenos (grandes) prazeres….

“…As crianças estrangeiras, a quem mais largamente dotou a natureza da virtude da curiosidade, querem saber o nome do lugar, e os pais informam-nas, ou declinam-no as amas, as nurses, as bonnes, as fräuleins, ou um marinheiro que passava para ir à manobra, Lisboa, Lisbon, Lisbonne, Lissabon, quatro diferentes maneiras de enunciar, fora as intermédias e imprecisas, assim ficaram os meninos a saber o que antes ignoravam, e isso foi o que já sabiam, nada, apenas um nome, aproximativamente pronunciado, para maior confusão das juvenis inteligências, com o acento próprio dos argentinos, se deles se tratava, ou de uruguaios, brasileiros e espanhóis, que escrevendo certo Lisboa no castelhano ou português de cada qual, dizem cada um sua coisa, fora do alcance do ouvido comum e das imitações da escrita…” (in “O ano da morte de Ricardo Reis de José Saramago)

Há 4 dias na piscina a trabalhar (com uma enorme vontade de cair dentro de água e sem poder fazê-lo), vale-me a escrita do Saramago, cuja releitura vou fazendo em todos os minutos disponíveis…

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